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O Que é Meditação?

O Que é Meditação?

(Swami Satyananda Saraswati – do livro “Meditations from the Tantras”)

A Meditação é algo do qual muitas pessoas já ouviram falar, porém da qual poucas possuem um conceito seguro e muito menos pessoas ainda já experimentaram de fato.

Da mesma forma que outras experiências subjetivas, a meditação não pode ser totalmente descrita em palavras. O leitor deverá tentar experimentar por si mesmo para saber do que estamos falando. A experiência é algo real enquanto a descrição dela é apenas uma tentativa de aproximação da realidade. Entretanto, tentaremos descrever da melhor forma possível, para jogar alguma luz sobre esse conceito.

Comecemos definindo como a psicologia moderna categoriza os diferentes níveis da mente. A mente subconsciente ou o inconsciente pode ser grosseiramente dividido em três partes, como se segue: a mente inferior, a mente intermediária e a mente superior.

A mente inferior esta conectada com o controle e coordenação das várias funções do corpo, como a respiração, a circulação, os órgão abdominais e por aí vai. É também a área da mente que dá vazão às necessidades instintivas e é desta parte da mente que os complexos, fobias, medos e obssessões se manifestam.

A parte média ou intermediária da mente trabalha com as informações que usamos durante nosso estado de vigília, ou seja, quando estamos acordados. É a parte da mente que analisa, compara e chega a conclusões em relação às informações recebidas. O resultado desse esforço manifesta-se em nossa consciência na medida em que precisamos. Esta parte da nossa mente é a que nos dá respostas. Por exemplo, todos nós já nos deparamos com um problema que não pudemos resolver imediatamente e nos surpreendemos ao descobrir que a solução brota em nossa consciência horas mais tarde. É a parcela intermediária de nossa consciência que resolveu o problema sem que estivéssemos conscientes disso. Esse é o campo do pensamento racional ou intelectual.

A mente superior é a área da chamada atividade superconsciente. Trabalha no campo da intuição, inspiração, bem aventurança e experiências transcendentais. É a partir desta região que os gênios obtém seus insights de criatividade. Ela é a fonte do conhecimento profundo.

Então, o que acontece quando meditamos? Quando meditamos, nos tornamos capazes de “passear” com nossa consciência pelas diferentes parcelas de nossa mente. Normalmente, como já dissemos, nossa consciência está restrita às atividades superficiais em pequenas áreas da parte média ou racional de nossa mente. Durante a meditação conseguimos nos desvincular da mera intelectualização.

É comum algumas pessoas relatarem que, quando começam a praticar meditação, visualizam aparições grotescas ou tomam contato com complexos profundamente enraizados que talvez não soubessem que existissem. Eles percebem que possuem medos que não estavam conscientes anteriormente. A razão para isso é que a consciência está funcionando agora no domínio da mente inferior. A consciência está iluminando complexos, medos, etc, que estavam nas sombras e não eram conscientes. Anteriormente o indivíduo só tinha consciência da manifestação externa desses medos profundos na forma de raiva, ódio, depressão, etc, em sua vida cotidiana. Somente após a confrontação com esses complexos enraizados profundamente é que eles podem ser removidos (e também suas manifestações externas) e que pode ser alcançada uma maior alegria de viver.

Estados elevados de meditação são difíceis de obter se não removemos a maior parte de nossos medos inconscientes e compulsivos que estão armazenados na mente inferior. Não é possível avançar a estados meditativos mais profundos porque esses complexos ou medos são tão compulsivos que atraem a atenção da consciência imediatamente para si. Nossa mente é atraída como um imã para as atividades da mente inferior, como se houvesse um perverso deleite em duelar com nossos medos, fobias e ansiedades.

Nos estados superiores de meditação a consciência se move para a mente superior, ou a região da superconsciência. A consciência eleva-se acima do pensamento racional e nos sentimos como  estando mais próximos da realidade. O meditador adentra a dimensão da inspiração e da iluminação. Começa a explorar as verdades profundas dos aspectos da existência que até então pareciam impossíveis ou apenas criações da imaginação.

O ápice da meditação é a auto-realização. Esta ocorre quando até mesmo a mente superior é transcendida. A consciência abandona a exploração da mente e identifica-se com o coração da existência, o Eu ou Self. Neste patamar, o indivíduo torna-se consciência pura. Quando uma pessoa atinge a auto-realização significa que ela conectou-se com seu seu eu central e agora visualiza sua existência, sua vida, do ponto de vista do self, ou eu profundo, e não do ponto de vista do ego.

Então, podemos dizer que o objetivo da meditação é explorar as diferentes regiões da mente e eventualmente transcendê-la completamente.

(tradução livre e adaptação de Ricardo Coelho)

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